Marina Simião, Metodologia Patchwork (Brasil)
O que faz do seu projeto uma referência para o turismo criativo?
A metodologia Patchwork é uma proposta de desenvolvimento territorial do turismo criativo com foco em cidades pequenas. A ideia principal é fazer com que os atores locais, especialmente vinculados aos setores criativos, sejam protagonistas neste desenvolvimento. Assim, propõe-se que, mais do que fomentar o turismo criativo, a proposta seja realizada e liderada pelos agentes locais de determinado território. O resultado é que as atividades se tornem mais perenes, a oferta de produtos e serviços seja realmente vinculada às características, vontades e realidade local, de maneira a unir desenvolvimento econômico, participação cidadã e valorização cultural em uma mesma proposta.
Que tipo de atividades criativas você propõe?
A metodologia Patchwork é uma proposta de desenvolvimento territorial, sendo assim, a oferta de atividades criativas será condizente com as particularidades do território em que a metodologia for implementada. O principal é, a partir do diagnóstico de atividades e setores culturais, bem como as peculiaridades locais, propor atividades que estejam conectadas aos cidadãos e que possam ser apresentadas de forma diferenciada ao turista. A proposta, à exemplo das características das atividades criativas, e que o turista possa vivenciar a cultura local, a partir do exercício de sua própria criatividade, promovendo empatia, troca de experiências e conhecimento mútuos.
Qual é a sua maneira de trabalhar com os habitantes locais?
A comunidade local é o principal ator da implementação da Metodologia Patchwork. A proposta é que a comunidade tenha autonomia para definir os caminhos a serem trilhados para o desenvolvimento do turismo criativo em seu território, desde o diagnóstico local, passando pela proposta de atividades, formatação de roteiros e produtos turísticos, bem como a avaliação dos mesmos e possíveis correções de rota. A metodologia apresenta um modo de fazer e tem nos profissionais envolvidos, facilitadores que, a partir do conhecimento técnico do setor turístico e de setores afins, contribuem no desenvolvimento do projeto, mas é a comunidade local o principal protagonista desta iniciativa. Assim, diversas atividades de treinamento, bechmarking, troca de experiências, exercícios diversos são realizados ao longo do caminho para que seja gerada uma proposta fundamentada, absorvida e de fato representativa para o destino em questão.
Sua proposta pode ser desenvolvida em qualquer tipo de território, país ou continente?
A atividade turística em geral vem sendo trabalhada como uma oportunidade de desenvolvimento econômico para diversos territórios, porém, para desenvolvimento do turismo criativo, a lógica é um pouco diferente. O turismo criativo tem características muito específicas no que diz respeito à sua escala de produção e formas de ofertá-lo. É preciso que sejam trabalhados produtos locais, em geral com menor escala e que são procurados por nichos ainda muito específicos de mercado. Cada cidade possui sua própria história, sua cultura e sua própria dinâmica. O turismo criativo pode ser uma forma de diversificação e de renovação da atividade turística nos mais variados destinos, independente do seu tamanho ou maturidade. Porém, ao observar as pequenas cidades, acredito que o turismo criativo possa ser uma forma de incremento e de diferenciação para a atividade turística destes territórios, com menor possibilidade de impacto negativo e gerando oportunidades de projeção e valorização nacional e internacional. Por isso, a metodologia Patchwork foi criada com o foco em cidades pequenas, cidades estas que podem estar localizadas em qualquer estado, país ou continente.
Qual é a cadeia de valor criada pelo seu projeto?
Gerar um ciclo de desenvolvimento do turismo criativo, a partir da realidade local, com participação cidadã e autonomia para validação dos processos e propostas, que venha a garantir a interface da realidade local com conhecimentos técnicos dos profissionais envolvidos forma a base da proposta. Um projeto que tem o olhar sensível à realidade local, de forma empática e que busca uma criação colaborativa, onde o conhecimento técnico é tão relevante quanto à experiência de cada um dos atores e acrescida das características do próprio território. O desenvolvimento de um projeto em que, a comunidade local participe desde o começo, tem muito mais chances de perenidade e de êxito exatamente pelo fato de trazer o olhar, os sentimentos, o conhecimento e a troca de experiências entre os envolvidos, principalmente aqueles que vivenciam diariamente aquele território. Por isso, a cadeia de valor gerada pela Metodologia é exatamente o próprio Patchwork, a capacidade de, a partir da junção de retalhos de tecido (indivíduos, atores, instituições locais), criar algo novo, belo e que pertença à todos. Ou seja, é reconhecer que, a partir das características individuais, criar algo coletivo, criar algo permanente, criar algo que orgulhe esta comunidade, criar algo belo.
Para mais informações: www.linkedin.com/in/marina-simião-5a316739